terça-feira, 9 de março de 2010

Almoço Nu - Naked Lunch (1991)

Cinema autoral inspirado na obra homônima do mais maldito beatnik, William Burroughs. David Cronenberg não ficando atras do romance chuta o pau da barraca e faz uns dos filmes mas viscerais e amalucados que eu já vi.

Em misto de livre adaptação e obra biográfica do autor do romance, somos jogados no meio de uma obra densa em um ritmo frenético, doentio, é impossível sentir-se confortável enquanto observa. Elementos cuspidos em nossa direção em violenta profusão, regados a alucinações, paranoias, vícios e música atonal.

A história é a de Bill Lee, interpretado por Peter Weller, exterminador de insetos, que incentivado pela própria esposa viciada em inseticida, interpretada por Judy Davis, vicia-se também, após Bill matar sua mulher brincando de Guilherme Tell, é jogado em meio a sua escrita e (aqui somos forçado a livre interpretação)uma conspiração de insetos e criaturas bizarras.

A montagem é de um ritmo irregular, com instantes onde os cortes mais lembram uma apresentação de slides para pouco depois haver câmeras contemplativas que parecem ter inspirado Gus Van Sant. O roteiro vai acelerando em desacelerando constantemente, certamente não há um ápice, há vários, regados reviravoltas esquizofrênicas, fazendo nos sentir em algum brinquedo de parque temático, jogados de um lado a outro.

A fotografia suja, típica da obra de Cronenberg, que flerta hora, com o cinema Noir, hora com uma estética kitsch digna do anos 80, casa quase em simbiose com o ar junkie de vícios, excrementos e promiscuidade, onde até maquinas de escrever gozam no êxtase do escrever.

As interpretações se não são brilhantes, fazem sua parte, para que a mente criativamente caótica de Cronenberg casada com Perversidade, esquizofrenia e decadência moral da obra de Burroughs brilhem.

A trilha sonora, puramente jazzistica, digna dos beatniks, feita Ornette Coleman, que ajuda com enorme eficiência no clima denso, irreal e desconfortável, é um caso a parte, só não recomendo que a baixe para ouvir, ou talvez você seja sádico.

Para quem leu o livro, é imperdível ouvir da própria boca de Bill Lee, o conto do homem que ensinou o cu a falar, entre outras passagens memoráveis do romance.

Notas
IMDB: 6.8
Rotten Tomateos:6.7
Boy Bobão: 7.5





Para quem não sabe, me chamo Felipe, sou um amigo da Isa, Gosto de perversidade, estranheza e pretensão, esperem de mim filmes ruins com doses de pretensão artística e elementos praticamente dadaistas e surreais.

Um comentário:

Isabela disse...

Viciada em inceticida?? Hauahauha, geeente, preciso ver isso!

Sim, o Boy é o novo autor da birosca toda (:

Quando o som do meu PC voltar a funcionar eu vou procurá-lo.

Valeeu Boy, boa postagem (y)